Escrito, produzido e dirigido por Jeff Gibbs, o documentário “Planet of the Humans” (Planeta dos Humanos), de 2019, ainda causa muito barulho em fóruns e demais meios de discussão pela Internet.
Isto porque tem a pretensão de acabar com o que é uma esperança (segundo ele, uma ilusão) para muitos humanos preocupados com o estrago que há tempos promovemos, em relação ao meio ambiente planetário.
Praticamente toda sua duração é composta de argumentos, entrevistas, gráficos etc. utilizados para nos convencer de que estamos sendo enganados em relação às iniciativas de desenvolver combustíveis diferentes dos fósseis que costumamos utilizar. O petróleo, por exemplo, bem sabemos, não é uma matéria prima renovável, ou, talvez até fosse, com material adequado e a espera de milhares de anos.
Combustível verde?
Segundo nos mostra o filme, “estamos perdendo a batalha para impedir a mudança climática no planeta Terra porque estamos seguindo líderes que nos levaram pelo caminho errado”.
O caminho a que ele se refere é a substituição dos combustíveis fósseis por energia renovável e, senão totalmente, ao menos com índice bem menor de estragos causados por seus resíduos. O documentário se concentra então na energia solar e eólica, embora mostre também outras alternativas.
O caso é que o documentário afirma tacitamente é que tudo isto é uma farsa: estes combustíveis alternativos não só não resolveriam o problema como, muitas vezes, também o agravaria.
O argumento é: o investimento maciço e observável nas mídias (feito inclusive por grandes empresas exploradoras de matérias primas, mineradoras, por exemplo) serve apenas para nos deixar mais tranquilos no que diz respeito ao futuro, menos preocupados em relação à exploração dos combustíveis não renováveis e, é claro, lucro de alguns.
Desse modo, isto que ele afirma ser uma farsa é desconstruída de modo bastante unilateral. Políticos que se elegeram com base em plataformas de sustentabilidade, ambientalistas radicais, entre outros, são questionados de modo muitas vezes sarcástico ou irônico (ao estilo de seu mestre e produtor executivo deste documentário, Michael Moore).
Como dito no início, críticas não faltaram.
Se por um lado, de fato, são mostradas provas irrefutáveis de que muitas empresas e milionários estão apenas se aproveitando de uma onda para surfar na moda da sustentabilidade e assim agregar valor positivo às suas marcas, por outro, fica-nos uma impressão de que apenas um lado da história está sendo mostrado.
Quer dizer, ainda estamos longe de substituir um tipo de energia por outra. Mesmo em países que se apresentam como grandes entusiastas deste tipo de iniciativa nobre, os custos são muito altos e nem sempre compensadores.
No entanto, diversos projetos vêm sendo desenvolvidos e aperfeiçoados no sentido de que um dia a transição se faça, e este tipo de abordagem, totalmente negativa, afastaria investimentos e daria razão e voz àqueles que acham que não há o que fazer, melhor deixar como está e no futuro a gente vê como fica.
A questão é que: o planeta é finito e explorá-lo de modo infinito e desregrado não nos levará a um bom fim.
Uma das mensagens positivas que ficam, apesar de toda controvérsia, é a de que não podemos mais adiar a discussão não só sobre a busca de novas alternativas energéticas, mas também, e mais fundamentalmente, pelo questionamento do modo como vivemos e exploramos os recursos do planeta à nossa disposição.