F.O.M.O.: o medo de ficar de fora.

Belas fotos em lugares incríveis, sorrisos em encontros felizes (no atual momento, mais escassos), participação ativa em eventos extremamente interessantes, comidas e bebidas, realizações, vitórias, beleza por toda parte…

Nem sempre e nem todos, claro, mas, de modo geral, é o que o mundo dos outros parece conter, a julgar pelas representações visuais a que somos expostos diariamente nas redes sociais. O gramado alheio parece sempre mais verde e vibrante.

Esquecemos momentaneamente que aquilo é um extrato, editado e retrabalhado, do que é a vida em sua concretude, passando a acreditar que nossa vida é sem graça, solitária, problemática demais. Existe uma espécie de festa lá fora, para a qual não fomos convidados.

Esta sensação, muito comum e observável, já vem, há um certo tempo, sendo chamada de F.O.M.O. (do Inglês, Fear of Missing Out) por aqui, traduzido como “medo de ficar de fora”. Seja da “festa”; do grupo; da discussão, conversa, debate; da atenção dos outros; dos “likes”…

A Falta

Mas, a princípio, o termo foi escolhido pelo estrategista em Marketing, Dan Herman, para dar conta de um fenômeno, segundo ele, observado em um grupo de estudos que conduzia para um cliente, no distante 1996, mas que teria sua definição publicada em artigo de 2000.

Segundo o autor:

“FOMO é experimentado como uma atitude claramente temerosa em relação à possibilidade de não esgotar as oportunidades disponíveis e perder a alegria esperada associada ao sucesso em fazê-lo. Simplificando, é a concentração da atenção na metade vazia do copo”.

Em outras palavras: uma espécie de ansiedade do consumidor ao se deparar com a quantidade infinita de possibilidades de escolhas e, principalmente, com a sensação de que seu desejo (o combustível central das escolhas humanas e não só do consumo em si) jamais será totalmente satisfeito. Estará sempre perdendo algo, seja por falta de tempo, dinheiro, ou qualquer outro tipo de barreira.

Ainda, segundo Herman: “É uma experiência que dá a sensação de ser criança numa linda confeitaria colorida, tendo apenas uma moeda no bolso. É o mesmo que colocar ênfase naquilo que ainda não alcançamos, mas desejamos desesperadamente”.

Há em nós um impulso para abarcar todas escolhas possíveis, uma espécie de sentido básico que tem relação com a impressão (e necessidade) de estarmos no controle, esgotando todas possibilidades.

Na verdade, a busca do autor era pela criação de ferramentas que ajudassem as empresas a lidarem com este tipo de consumidor, como mantê-lo fiel a uma marca, por exemplo, diante de tantas opções e da ansiedade gerada por estas.

Não consigo acompanhar!

Atualmente, o termo é mais utilizado para identificar um problema que, segundo estudos recentes, atinge mais de um terço dos usuários das redes sociais. A sensação de que há um fluxo incrível de acontecimentos em sua timeline e que você não está dando conta. Quer dizer, caso se desconecte, sem dúvida, perderá algo importante.

Obviamente, o isolamento forçado a que fomos expostos neste período gerou um aumento considerável das interações pessoais por vias digitais. Ficamos, necessariamente, mais tempo conectados e expostos as representações específicas deste modo de realidade, o virtual.

Se, por um lado, as mídias sociais permitiram um acréscimo no contato entre as pessoas, troca de ideias, encurtamento de distâncias e até oportunidades profissionais, por outro,  junto a estes ganhos, elas quase sempre apresentam mais opções do que podem ser buscadas ou experienciadas, dadas as restrições práticas e a limitação de tempo, como exemplos.

A tentativa de participar de algum modo deste fluxo imenso faz com que muitas pessoas façam uso exagerado, portanto prejudicial, destas mídias. A observação e conscientização em relação a este tipo de comportamento, pode ser o início de uma relação mais saudável com estes aparatos todos, tão inevitáveis quanto necessários pra todos nós.

Quer testar seu nível de F.O.M.O?

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